A princesa valente
Uma história de desencantar
Último Capítulo
E o príncipe valente, vencendo o último monstro,
libertou a princesa e regressaram ao Castelo, onde casaram e viveram felizes
para sempre.
FIM
Epílogo
… viveram felizes para
sempre, UMA GRANDECÍSSIMA OVA!, PENSOU A PRINCESA, quando se fartou,
finalmente, das constantes saídas do
príncipe. Aquela sua carreira de Salvador estava a dar cabo do casamento deles.
Estava farta.
Aquilo eram
monstros, monstrinhos e monstrecos,
que apareciam de tudo o que era lado.
E a vida sexual deles, quem a salvava?
Perguntava-se ela, que desesperava por um filho.
Desanimada, desforrava-se em grandes Farras com
as amigas. As bebedeiras eram TANTAS que a sorte dela era o CAVALO saber o
caminho para o castelo.
-ENGANA-O! – dizia uma
amiga, doutorada no assunto. O marido tinha um par de cornos de tal tamanho, que
podia ser usados como bengaleiro.
Mas ela, apesar da distância, tinha apenas uma
certeza: AMAVA-O.
E assim passava os seus dias,
triste e desconsolada. Sabendo do seu estado, não eram poucos os
oportunistas que tentavam a sua sorte. A todos ela dizia a mesma coisa: “Vão
ter com a minha amiga, com ela terão melhor sorte. Eu, só penso no meu
príncipe.”
Teve então uma ideia .
Não sabia como é que ainda não tinha pensado
nisso. Ela era, de certo, princesa para isso e para muito mais. Procurou um
soldado de confiança, coisa rara, nos dias que corriam - mas ele tinha
sido amigo dela, e, muito embora a princesa fosse a mulher mais bela do reino,
nunca trairia a sua amizade, por muito que, secretamente, a amasse.
“Ensina-me a ser valente”, pediu a princesa.
O soldado olhou-a com o seu único olho, e disse: “Mas já sois valente, minha princesa. A mulher mais valente do
reino.”
“Então, ensina-me a ser valente como um homem,
porque a minha valentia de mulher não me leva a lado nenhum.”, disse ela.
O soldado, vendo que a vontade dela era grande,
começou a treiná-la nas artes da guerra, a manejar a espada, a lança e a besta. E, se no princípio a princesa andava ali às
aranhas, sempre a cair e a falhar, rapidamente começou a andar aos leões. A mestria dela era tanta, que
o
soldado já
não
conseguia
ganhar-lhe.
Aconteceu que, a pedido da princesa, eles treinavam
numa gruta perto do castelo. Os lavradores ouviam os barulhos dos gritos que vinham da montanha, e convenceram-se de que
havia um monstro a habitar nela.
Com medo de assustar a princesa, falaram com o
alcaide, que mandou secretamente chamar o príncipe, porque não queria, também
ele, alarmar a princesa.
O príncipe chegou, alguns dias depois,
secretamente, porque também ele não queria alertar a princesa. Nem o monstro.
A
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peou-se junto da entrada da caverna, tirou
a sua melhor espada e o escudo do alforge, e seguiu pelo carreiro que conhecia
desde criança. Começou a ouvir os gritos do monstro que, ao contrário dos
outros homens, que ficavam paralisados de medo ao ouvir semelhante grito, ainda
lhe deu mais vontade de entrar.
Descobriu, rapidamente, a origem dos gritos, que ele conhecia perfeitamente das noites com a sua princesa.
Encontrou-a vendada, a lutar com um dos seus soldados de confiança. Fez-lhe um
sinal para manter silêncio, e trocaram de posições, passando a ser o príncipe a
lutar com a princesa. O soldado, para que ela não estranhasse, continuava a dar
recomendações, e ela, embora estranhando a alteração na forma do seu professor
lutar, continuava a dar os seus gritos.
“Achas que o meu príncipe vai ficar
orgulhoso de mim?”, perguntou ela, parando de lutar, arfando, toda suada, mas
sem tirar a venda.
“O teu príncipe já está
orgulhoso de ti”, disse o príncipe, enquanto lhe tirava a venda dos olhos.
O príncipe reconheceu a sua falha, e a mulher
passou a acompanhá-lo nas suas aventuras, até que nasceu o primeiro de muitos
monstros. Digo, filhos.
Com quem eles lutaram muito. Digo, amaram.
E foram realmente felizes para sempre.
AGORA, sim, É o FIM.
AGORA, sim, É o FIM.