terça-feira, 15 de maio de 2012

O Sonho

Penso que dormes

O Sonho



P
enso que dormes. Penso que durmo. Confundo sempre o sonho com a realidade, quando estou Contigo. A música envolve-me. Ninguém a ouve. Só eu. E tu. São músicas diferentes, sempre foram; até ao momento em que a ouvimos juntos. Olho para ti. Penso que dormes. Ou brincas, como é teu hábito. Mesmo assim ouço a tua música no contorno suave da tua pele. O leve sorriso revela-te. O olho abre-se. Contempla-me. Sequioso. A música sobe de tom. Toco-te. O mundo desaparece. Só existimos os dois, num abraço, pele com pele, carne com carne. A junção perfeita, ou mais que perfeita. Nada mais existe: és a minha pele, sou a tua carne, o mundo é irrelevante: não existe. O único som que ouço é o da nossa música. Os acordes perfeitos ao acordar. Todos os dias diferentes. Nossos. Não existe mais nada quando eu estou em ti. Nem tu, nem eu. Somos nós. Prolongamos o prazer muito para além do prazer, para não sentirmos, tão cedo, a irrelevância dos corpos, que um Deus cruel separou à nascença e que desejam estar sempre juntos.
Ou terei sonhado? Olho para ti.
Penso que dormes.