“Sempre” não é tempo suficiente
para que te consiga ler o olhar e saber tudo o que és. Preciso de mais: o meu
“sempre”, em matrimónio perfeito com o teu, até que não existam mais ondas para
morrer suavemente na nossa praia, num murmúrio nunca banal. Que saudades do
tempo em que nos enganávamos um ao outro, jurando amor eterno: o amor não pode
ser jurado sem mentir, o passado já passou, o futuro não é nosso, só o presente
é uma surpresa e nos pertence, daí o nome. Só prometo amar-te agora e tentar
acordar todos os dias com a vontade de renovar essa promessa. Provarei todas as
noites uma migalha de ti, satisfazendo a fome que me corrói e regressa logo
depois. Promete-me que nunca serás absolutamente minha, tal como nunca serei completamente
teu: serás a minha conquista de todos os dias, redescobrindo-te ao primeiro
raio de sol; seduz-me a cada manhã, como se fosse a primeira vez. Dá-me como
presente um presente sempre diferente, a cada sorriso quente com que me recebes,
quando volto do trabalho e a cada beijo apaixonado que partilhamos quando
pensamos que o silêncio é nosso. À noite, quando nos deitamos, misturamos os
corpos e sonhamos o mesmo sonho, como devem ser sempre os sonhos das pessoas
apaixonadas, prontas e expectantes para transformar o amanhã num novo presente.
Sempre.
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