Era Natal. Época de comprar presentes e das típicas músicas natalícias. Naquela terra, a Mariah Carey começava a ouvir-se em outubro, preparando os ouvidos para o coro de Santo Amaro de Oeiras, que desejava a todos um bom natal desde 2005. Mesmo assim, andavam todos enfiados nas suas vidinhas, pouco se importando com o vizinho do lado. Ninguém falava com ninguém, poucos cumprimentavam. Não havia sorrisos, nem gestos solidários de qualquer espécie. Todos se interrogavam sobre as misteriosas avarias nas luzes, todos se culpavam uns aos outros e o ambiente tornava-se tudo menos natalício.
Ninguém reparava no rapaz e na coincidência das luzes se apagarem à sua passagem. Apenas uma menina se apercebeu de que apenas as luzes do presépio ficavam sempre acesas. Num ato de assombro, perguntou ao menino se podia acompanhá-lo. Ele manteve o silêncio, mas deu a entender com um sorriso de que era bem-vinda. Juntos percorreram a cidade e, por onde quer que passassem, as luzes apagavam-se, até mesmo as das casas e do próprio shopping.
Sem saber o que se passava, as pessoas concentraram-se à beira da única luz que permanecia ligada, a iluminar o berço do menino no presépio. Subitamente, deram-se conta de que os outros existiam, e da falta que faziam nas suas vidas. Quando perceberam quem devia ser o estranho menino, este já tinha desaparecido, para nunca voltar a ser visto por aquelas bandas.

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